Fim de tarde do sábado... nossa ideia era passar na Praça do Campo Limpo para, além de divulgar nosso 1º encontro por lá, olhar o local com cuidado, pensando no melhor cantinho pra fazer as brincadeiras, no aconchego para as crianças, etc. Já de cara, uma ótima impressão: nos deparamos com uma praça viva, ocupada por crianças, jovens e adultos. A grama cortada e limpa (um belo convite pra ocupar e conviver nela)!
Começamos a circular e conversar com as crianças e os adultos, contando do nosso desejo de brincar ali, e convidando todo mundo pro nosso encontro do dia 07/fev. Todos muito abertos a ideia do projeto: brincar como antigamente, com corpo em liberdade, com cantigas e cordas, podendo correr e gritar!
Engatamos prosas deliciosas com pais e mães, que dispararam a lembrar suas brincadeiras prediletas: taco, rouba bandeira, bolinhas de gude, cinco pedrinhas, queimada, mãe da rua foram as mais lembradas. Antônio Aparecido dos Santos contou com brilho nos olhos várias das suas "brincações" pelas ruas e terrenos baldios de Taboão da Serra, onde cresceu. Dizia para sua companheira, sentada ao lado: "Lembra, nega, a gente brincando na rua até escurecer? era muito da hora. Agora as crianças não tem mais isso, não! É uma pena...". Mas, enquanto Antônio lamentava o fato de sua filha não ter a mesma liberdade que a sua, notamos uma movimentação de uma mulher querendo pular corda, logo ali do nosso lado!
Sim, era uma mãe que já sabia do projeto e viu a Diana pegando uma corda da sacola (brincantes andam sempre equipados ;), junto com sua família aproximou-se da gente e, sorridente, se posicionou no meio da corda dizendo "posso pular?". E começamos a brincar. Logo, outras crianças e outros adultos foram se achegando, sedentos por reviver a simplicidade e alegria que fazem morada no brincar! Quando vimos, já não era uma corda sendo movimentada, e sim duas, sendo batidas ao som de várias outras parlendas e brincadeiras lembradas por todos. Antônio também entrou na brincadeira, e reviveu um pouquinho da infância em Taboão da Serra. Saiu sorridente que só, depois de mostrar que é mestre na brincadeira!
Ninguém mais era pai, mãe, filha ou filho: eram meninos e meninas brincando, sem se importar com mais nada que não fosse aguentar pular sem errar (principalmente na hora do foguinho :), ou conseguir passar em baixo da cobrinha! Havia alguma magia no ar. Cheiro de água de mangueira ou fruta colhida do pé! Havia sede daquela leveza e espontaneidade que só a brincadeira tem, porque o brincar tem esse poder aglutinador, que une e que acolhe a todos.
No brincar o tempo fica suspenso, não percebemos ele passar, simplesmente vivemos... e foi assim na tarde do dia 24/01. Passamos três horas ali, e quando nos demos conta, precisávamos ir embora. Marcamos nosso próximo encontro e fomos pra casa, com um gosto especial de ter vivido um encontro raro, e de querer mais, muito mais...